Mega Everdrive: o sonho de consumo de todo fã da SEGA

Irei inaugurar o primeiro artigo da Casa dos Nerds sobre videogames falando especificamente sobre o sonho dos seguidores da SEGA no auge da “era Mega Drive”: ter todos os jogos preferidos à sua disposição.  Este era o sonho, mas a grande pergunta era: -“Como conseguir esta proeza sem precisar vender o próprio rim?”

Parte desta pergunta foi respondida por meio de emulação, que surgiu para preencher o grande vazio deixado no coração dos entusiastas. Mas, por melhor que fosse esta emulação, ainda há os que preferem a experiência no hardware original, afinal, nada é capaz de substituir a imagem, som e controle de um videogame real.

Para aproximar o saudosista da experiência real foram criados os flashcards, que são cartuchos capazes de serem regravados e utilizados diretamente no próprio videogame. Há alguns anos atrás eles eram equipamentos lentos, com uma série de incompatibilidades e até mesmo com vida útil duvidosa.

Esta avaliação pretende mostrar o quanto a nova geração de flashcards evoluiu, e no caso da realidade atual do Mega Drive, até que ponto compensa o investimento.

 

Qual escolher?

Existem diversos flashcards para quase todos os videogames de cartucho que já foram lançados. Alguns destes flashcards podem ser considerados decepcionantes, outros até razoáveis, e alguns chegam quase a perfeição. Infelizmente, quanto melhor a experiência oferecida por eles, maior será o seu preço.

Para o Mega Drive só posso recomendar dois tipos de flashcards, que são desenvolvidos pela mesma pessoa, o ucraniano conhecido como Krikzz.

 

Everdrive MD

O que foi lançado primeiro e se firmou no mercado é o conhecido Everdrive MD, que recebeu algumas atualizações de hardware conforme o tempo e atualmente se encontra na versão 3, oferecendo os seguintes recursos:

• Compatível com 99% dos jogos
• Compatível com jogos de Master System
• Compatível como jogos de 32x
• Função para carregamento de BIOS para CD (SEGA CD / MEGA CD)
• MegaKey incorporado via hardware
• Tamanho máximo para carregar ROM de até 7 Mbytes
• Retorna ao menu após o reset
• Alta compatibilidade com consoles clones
• Backup automático da SRAM no cartão SD
• Suporta cartão SD/MMC até 32 GB
• Utiliza sistema de arquivos FAT16 ou FAT32
• Suporte a códigos do GameGenie
• Menu de fácil utilização

É válido ressaltar que em relação às versões anteriores, a revisão 3 do Everdrive MD, além de apresentar maior compatibilidade geral e recursos extras, tem como principal novidade o fato do firmware ser carregado do cartão SD a cada boot, oferecendo segurança plena na atualizações, o que nas versões anteriores eram atualizadas em memória flash, portanto, se qualquer erro acontecesse neste processo, o cartucho poderia “brickar” e precisaria ser restaurado via JTAG.

 

Mega Everdrive

Lançado posteriormente, e considerado até o momento como “a cereja do bolo” para quem tem um Mega Drive, o Mega Everdriverepresenta o próximo passo de evolução. Ele possui (quase) todos os recursos do Everdrive MD, e destaco os seguintes extras:

• Memória interna SDRAM de 16 MBytes
• Tamanho máximo para carregar ROM de até 10 MBytes
• Slots para cartão SD e micro SD
• Carregamento instantâneo (de 1 a 2 segundos)
• Reprodução de arquivos WAV, GYM e TFC
• Porta USB para desenvolvimento (homebrew) e recursos futuros
• Menu no meio do jogo, permitindo voltar ao menu principal
• Gravação e carregamento de snapshots (conhecido como save states nos emuladores)
• Pode funcionar como RAM para o SEGA CD

Existem algumas diferenças marcantes entre o Everdrive MD, que à primeira vista pode parecer bobagem. O Mega Everdrive é capaz de carregar até 10 MBytes, isto é, ele roda jogos de até 80 Mbits, sendo o único flashcard que executa o famoso RPG Pier Solar e o surpreendente hack Mortal Kombat Trilogy, que inclui todos os personagens de todas as versões 2D do MK.

Outra qualidade que chama a atenção, principalmente para aqueles usuários inquietos que trocam de jogo toda hora ou estão numa sessão de testes até encontrar o título que o agrade, o Mega Everdrive carrega o jogo quase que instantaneamente pois tudo é armazenado em SDRAM, ao contrário do Everdrive MD e outros flashcards, que usam memória flash e podem levar de 10 a 30 segundos para carregar um título.

O que é considerado por muitos como o recurso mais interessante é a capacidade de save states, recurso este famoso nos emuladores, sendo possível gravar e carregar o progresso em qualquer ponto. Mas nem tudo é perfeito, existem alguns títulos que são incompatíveis com este recurso ou apresentam falhas na música ou gráficos ao carregar o snapshot posteriormente. Dos testes que efetuei, creio que cerca de 80% dos jogos se comportaram bem, o que para mim foi mais do que satisfatório, me poupando a sanidade nas mais de 100 fases e 1850 estágios de Kid Chameleon, por exemplo.

Consultando o fórum e o próprio desenvolvedor, ele explicou que o motivo dos snapshots nem sempre funcionarem perfeitamente é que somente a região de memória e interrupções do CPU 68000 é salvo, e tudo o que estiver gravado na RAM do processador de som e do CPU Z80 é descartado. Por este motivo é recomendado que o progresso seja salvo bem no final da fase, assim provavelmente a música e estado do Z80 é restaurado na entrada da nova fase, o que provou ser verdadeiro na maioria de meus testes e resolveu boa parte dos casos de jogos que antes pareceram ser incompatíveis com o recurso.

E por fim, uma novidade que é bem vinda aos entusiastas é o circuito integrado utilizado no Mega Everdrive, se tratando de um Altera Cyclone II, com poder de processamento de sobra para oferecer novos recursos em atualizações futuras. Quem sabe a emulação do FM para Master System? (é o que o pessoal tem pedido nos fóruns)

 

Ahhh estes chineses…

Procurando no eBay e outros lugares, fui ludibriado pela oferta vasta de um suposto Everdrive MD original (o mesmo da foto abaixo). Comprei um a preço de banana (US$ 22.00) com frete grátis e esperei quase um mês pela chegada.

 

Funcionou bem em um primeiro momento, se comportando como a primeira versão do Everdrive MD, carregando os jogos lentamente e não rodando alguns títulos, mas era suficiente.

A surpresa aconteceu quando inocentemente tentei atualizar o firmware e fiquei com uma belíssima tela preta de presente. Somente depois é que fui procurar informações e achei alguns casos de pessoas que compraram este mesmo flashcard e descobriram que o desenvolvedor soltou uma atualização sem mencionar nenhum recurso extra ou correção. E foi exatamente esta atualização que acabou com a brincadeira de muita gente, pois esta placa se trata de um produto pirata, simples assim.

Talvez uma regravação via JTAG possa resolver o caso, mas nem segui adiante, fiquei com tanta raiva que investi em uma placa do Mega Everdrive original e usei o case desta cópia barata.

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Em todo caso, vale o aviso: muito cuidado com os flashcards e veja bem de quem você está comprando, o barato pode sair caro.

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Utilização do Mega Everdrive

A utilização deste cartucho flash é bem simples, quase auto explicativa.

Primeiramente, você deve escolher se irá trabalhar com cartão SD ou micro SD. Apesar do cartucho ter as duas entradas, elas não podem ser utilizadas simultaneamente. A velocidade não me pareceu influenciar muito no carregamento dos jogos, apenas ao salvar a SRAM e snapshots.

Recomenda-se formatar o cartão SD no padrão FAT32 e colocar os jogos em pastas separadas por letras ou outras formas, de modo a não sobrecarregar cada diretório com mais de 500 arquivos. No meu caso preferi colocar uma letra inicial para cada diretório, e separar os homebrews, demos, hacks etc.

Na raiz do cartão deixei os diretórios para os jogos do Mega Drive (GENESIS), Master System (SMS) e o diretório padrão que deve existir sempre, chamado MEGA, onde consta o firmware, snapshots e configurações do sistema.

No meu caso, esta é a primeira tela ao ligar o console com o Mega Everdrive: